Diário do Fim do Mundo

22/10/2001 - Palestina vai virar patê

A guerra vai ser rápida. Esta parece ser a frase do momento na cobertura jornalística da Guerra Contra o Terror. Aquelas pessoas com dois neurônios de inteligência, sendo um deles manco, que atendem pelo nome de repórteres e apresentadores de telejornais, insistem na tese que, após à invasão do Afeganistão, os Estados Unidos vão subir no lugar mais alto do pódio, receber a medalha de ouro e voltar para casa com a cabeça (ou o que sobrar) de Osama Bin Laden.

Bem, tem gente que acredita mesmo no coelhinho da Páscoa. O fato é que ministro do turismo israelense Rehavam Ze'evi foi assassinado em um hotel em Jerusalém. O atentado desta vez claramente assumido pela Frente Popular pela Libertação da Palestina. Para piorar as coisas Ze'evi não era tão somente um ministro de Estado. Junto com Itzaac Rabin, Shimon Peres e de Ariel Sharon, era uma espécie de quarteto fantástico da política israelense. Foram heróis de guerra se transformaram em políticos.

O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, um conservador de marca maior, quer vingança. Sharon mostrou raiva na televisão em um discurso inflamado, o olho rútilo, a baba elástica e bovina pendendo no canto da boca. O primeiro-ministro culpou o inútil de plantão e presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat acusando líder palestino de proporcionar um paraíso aos terroristas.

O curioso é que com a presença dos Estados Unidos no Oriente Médio, Sharon estava dando uma de gente boa, inclusive acenando com a possibilidade de se criar um estado Palestino. Claro que o atentado foi um crime político, em última análise para rasgar ao meio o já amassado cheque ao portador de representante da comunidade palestina de Yasser Arafat . A dificuldade é que Israel não quer saber de desculpas e prometeu guerra contra os terroristas.

Osama Bin Laden, o terrorista número 1 do mundo, discursou em favor da causa palestina. Rapidamente George W. Bush (que deve achar que Palestino é uma raça de cachorro) e seu fiel escudeiro, o primeiro ministro inglês, Tony Blair, saíram em defesa da Palestina. Todo mundo quer que os palestinos tenham um lugar para morar. Menos Israel. E isto é um grande problema.

Desde 1948, Israel e Palestina são palco de uma guerra interminável. Todo mundo se acha dono de Jerusalém. Todo mundo acha que é o povo escolhido por Deus/Alá e tem direito à Terra prometida. A diplomacia sugere que Israel libere a faixa de Gaza e assente os palestinos em Jerusalém Oriental. A parte chata é que Israel não está de bom-humor e ainda possui um dos maiores arsenais militares do mundo. O melhor que o dinheiro pode comprar.

Por isso, o Afeganistão é o menor dos problemas dos Estados Unidos. Se eles fizerem um serviço incompleto como na invasão do Kuwait (libertaram o país do Iraque, mas deixaram Saddam Hussein no poder), com certeza, o pessoal do Tio Sam vai ter de voltar à região. Se ninguém tomar providências, periga Israel, com a fúria de um herege, transformar a Palestina em um patê.


Da equipe de articulistas



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